E eu chorei por dias e dias, pensei que o mundo tinha acabado, e não estava de todo errada. Nosso mundo, aquele que mal e mal construimos com o tempo, os carinhos, as brigas, os desentendimentos, os olhares, os beijos, os cheiros, os abraços; esse mundo tinha ruído. Na verdade, há muito ele estava acabando aos poucos, mas eu sem saber me agarrava a seus últimos resquícios. E quando me dei conta, tinha me tornado passível, dependente. Tinha parado de me importar, de cuidar; já não acordava e pensava "estou com você porque quero", tinha virado rotina, obrigação, contrato. E que espécie de relacionamento seria esse? Conquistei enfim minha liberdade, para descobrir que não era isso que eu queria. E aí, sem poder fazer mais nada, eu chorei. Chorei porque queria de volta poder estar nos seus braços, sem fazer mais nada, só estar ali. Queria poder te contar o meu dia, dividir contigo as coisas mais bestas. Queria voltar a dormir do teu lado, e rir das suas piadas sem graça. E deixar teu olhar me perscrutar e descobrir meus segredos. E sentir que você me conhecia muito mais do que eu achava.
Mas depois percebi que estava sendo dramática, feito você mesmo disse. Percebi que por mais que eu sentisse sua falta, não adiantava insistir no que não estava dando certo. Não adiantava querer consertar algo que você nem sabia que estava errado. Percebi que era isso. Fim. E aí, passou. Passou a tristeza, o choro. Ficou só a saudade. E a pergunta que eu ainda busco resposta: se a gente se gostava tanto, por que insistia em se maltratar?
Há 2 anos