domingo, 27 de fevereiro de 2011

quanto tempo?

Uma vez disse aqui a seguinte frase: "A lembrança é o único inferno ao qual fomos condenados em inocência." (do filme Nouvelle vague). Não consigo pensar em outra frase mais direta e verdadeira para o que senti nos últimos meses. Nada dói mais do que a lembrança... Coisas que eu nem sabia que ainda estavam na minha cabeça, mas estão; tão bem guardadas, ficam à espreita e voltam quase todas as noites para me assombrar. É nesse momento que tudo é mais terrível. Na solidão do quarto, da cama vazia. Quando não há nada além desse passar lento de horas, de noite após noite de insônia.
Discordo de quem diz que nós podemos escolher o que fica em nós e o que deixamos para lá. Como? Seria tão fácil, tão bom... É nesse ponto que trabalham todos os terapistas, não? Eles buscam explicações para todas as obsessões, depressões, desilusões e todos os outros 'ões' que aparecem em seus consultórios. Então oferecem suas explicações e perguntam se os pacientes não acham que é isso que está acontecendo ou se seu inconsciente isso, seu inconsciente aquilo. É aqui que eu pergunto: e daí? Tudo que nós queremos é parar de sentir o que sentimos, parar de agir como agimos, parar de pensar como pensamos. E como se faz isso? Talvez a grande ajuda seja apenas ouvir, e ouvir... Sobre os mesmo assuntos sempre e de novo e de novo. Até que o poço seque e a vez daquele problema passe.
Quanto tempo meu poço vai demorar pra secar?